Política

A Ascensão de Simone Tebet na Política Brasileira

De filha de um influente político a uma das vozes mais importantes da política brasileira contemporânea, a trajetória de Simone Tebet é marcada por sua dedicação à vida pública e por uma carreira que se fortaleceu ao longo dos anos. Neste artigo, revisitamos os principais momentos de sua ascensão no cenário político nacional.

Os primeiros passos na política

Nascida em Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul, em 22 de fevereiro de 1970, Simone Nassar Tebet é filha do ex-senador e ex-presidente do Congresso Nacional, Ramez Tebet. Formada em Direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com mestrado em Direito do Estado pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Simone iniciou sua carreira profissional como professora universitária.

Seu ingresso na política aconteceu em 2002, quando foi eleita deputada estadual pelo PMDB (atual MDB) no Mato Grosso do Sul. Durante seu mandato como deputada, destacou-se por sua atuação nas áreas de educação e desenvolvimento regional, demonstrando desde cedo sua preocupação com questões sociais e econômicas.

"A política precisa de mais empatia e menos polarização. Precisamos construir pontes, não muros. O Brasil merece um projeto de nação que inclua todos os brasileiros." — Simone Tebet

A gestão à frente de Três Lagoas

Em 2004, Simone Tebet foi eleita prefeita de Três Lagoas, sua cidade natal, tornando-se a primeira mulher a ocupar o cargo. Sua administração foi marcada por avanços significativos no desenvolvimento econômico local, com destaque para a atração de investimentos industriais que transformaram a cidade em um importante polo industrial do estado.

Durante seus dois mandatos consecutivos como prefeita (2005-2012), Três Lagoas viveu uma significativa expansão econômica e melhoria nos índices sociais. A cidade recebeu grandes empresas do setor de celulose e papel, como a Eldorado Brasil e a Fibria (atual Suzano), criando milhares de empregos diretos e indiretos e colocando o município no mapa dos grandes investimentos nacionais.

Vice-governadora e a experiência no executivo estadual

Após sua bem-sucedida passagem pela prefeitura de Três Lagoas, Simone Tebet foi escolhida para compor a chapa de André Puccinelli como candidata a vice-governadora do Mato Grosso do Sul nas eleições de 2010. Eleita, exerceu o cargo de 2011 a 2014, período em que ampliou sua experiência administrativa e aprofundou seu conhecimento sobre as demandas e desafios do estado.

Como vice-governadora, teve atuação destacada em programas sociais e na área de educação, estabelecendo as bases para os passos seguintes de sua carreira política em âmbito nacional.

A chegada ao Senado Federal

O ano de 2014 marcou um ponto de inflexão na carreira política de Simone Tebet. Naquele ano, foi eleita senadora pelo Mato Grosso do Sul com mais de 640 mil votos, tornando-se a primeira mulher a representar o estado no Senado Federal.

Marco histórico

Em 2021, Simone Tebet foi eleita presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, a mais importante comissão da Casa, tornando-se a primeira mulher a ocupar o cargo em 31 anos de existência da comissão.

No Senado, Tebet teve atuação marcante em diversas frentes. Foi relatora de importantes projetos, entre eles a Nova Lei de Licitações e Contratos, sancionada em 2021, que modernizou o processo de contratações públicas no país. Também se destacou na defesa dos direitos das mulheres e na luta contra a violência doméstica, sendo autora de projetos que visam aumentar a proteção e o acolhimento às vítimas.

Durante a pandemia de COVID-19, ganhou projeção nacional por sua participação na CPI da COVID, onde seus questionamentos precisos e sua postura firme chamaram a atenção da opinião pública. Sua atuação durante a comissão foi elogiada por especialistas e pela imprensa, consolidando sua imagem como uma parlamentar comprometida com a ética e a transparência.

Candidatura à Presidência: um novo capítulo

Em 2022, Simone Tebet deu um passo ousado em sua carreira política ao aceitar o desafio de concorrer à Presidência da República pelo MDB. Sua candidatura representou uma tentativa de oferecer uma alternativa à polarização política vivida pelo país, posicionando-se como uma opção de centro com propostas para o desenvolvimento econômico e social.

Durante a campanha, destacou-se nos debates presidenciais com posicionamentos firmes e propostas concretas, especialmente em áreas como educação, saúde e desenvolvimento sustentável. Embora não tenha chegado ao segundo turno, obteve mais de 4,9 milhões de votos (4,16% do total), um resultado expressivo para uma candidatura que enfrentou grandes partidos e figuras já estabelecidas no cenário político nacional.

No segundo turno, declarou apoio ao candidato Luiz Inácio Lula da Silva, em um gesto que foi interpretado como uma defesa da democracia e das instituições, reafirmando seu compromisso com os valores democráticos acima de interesses partidários.

Ministra do Planejamento: novos desafios

Após as eleições de 2022, Simone Tebet foi convidada pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva para assumir o Ministério do Planejamento no novo governo. O convite foi interpretado como um reconhecimento de sua competência técnica e capacidade de diálogo, além de representar um gesto de construção de uma base política mais ampla para o governo.

À frente do ministério, Tebet tem a missão de coordenar o planejamento estratégico do governo federal, trabalhando em estreita colaboração com o Ministério da Fazenda na elaboração e execução do orçamento público, além de participar da definição das prioridades de investimento e desenvolvimento do país.

"O Brasil precisa de uma política econômica que concilie responsabilidade fiscal com sensibilidade social. Não podemos escolher entre cuidar das contas públicas ou cuidar das pessoas – precisamos fazer ambos." — Simone Tebet, em seu discurso de posse como Ministra

Legado e representatividade

A trajetória política de Simone Tebet é marcada por conquistas significativas e por quebra de barreiras para a participação feminina na política brasileira. Como uma das poucas mulheres a ocupar posições de liderança no cenário político nacional, sua carreira representa um importante avanço na luta pela igualdade de gênero nos espaços de poder.

Além de suas conquistas individuais, Tebet tem sido uma voz ativa na defesa de maior representatividade feminina na política. Em diversas ocasiões, manifestou-se a favor de medidas que incentivem a participação das mulheres na vida pública e denunciou práticas discriminatórias que dificultam essa participação.

Participação feminina na política

Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), as mulheres representam mais de 52% do eleitorado brasileiro, mas ocupam menos de 15% das cadeiras no Congresso Nacional. Simone Tebet é uma das vozes que lutam para mudar essa realidade.

Conclusão: uma carreira em constante evolução

De prefeita a senadora e ministra, a carreira política de Simone Tebet é marcada por uma constante evolução e pelo enfrentamento de desafios cada vez maiores. Sua trajetória demonstra como o trabalho consistente, a preparação técnica e o compromisso com valores democráticos podem levar a conquistas significativas, mesmo em um ambiente tradicionalmente dominado por homens.

Aos 53 anos, Simone Tebet continua a escrever sua história na política brasileira, agora em uma posição estratégica no governo federal. Sua ascensão representa não apenas uma conquista pessoal, mas um importante avanço para todas as mulheres que sonham em participar ativamente da construção de um país mais justo e democrático.

O futuro político de Tebet ainda reserva muitos capítulos a serem escritos, mas sua trajetória até aqui já a coloca entre as figuras femininas mais importantes da história política recente do Brasil.